Procura em Cascais e Oeiras aumenta. Valor médio por transação é 1,3 milhões de euros, bem acima dos 460 mil euros que os portugueses pagam nesta zona.
A procura de moradias na linha de Cascais não para de aumentar. A impulsionar as vendas estão muitos brasileiros que resolveram mudar-se para Portugal e trazer as famílias. “Em 2016 estávamos a vender muitos apartamentos na zona de Cascais, mas nos primeiros sete meses deste ano as moradias têm ganho destaque”, contou ao Dinheiro Vivo, Rafael Ascenso, diretor-geral da Porta da Frente Christie’s.
“Há famílias inteiras de brasileiros a mudar-se para Portugal e a escolher a zona de Cascais para viver.”
No primeiro semestre de 2017, a Porta da Frente Christie’s fechou 64 negócios em Cascais e 14 em Oeiras. Os brasileiros representaram 21% das vendas de Cascais, e são já uma das nacionalidades que mais crescem – e pagam. “Se em volume representam 21% dos negócios, em valor de transações representam muito mais”, admite Rafael Ascenso.
Nas vendas fechadas nesta imobiliária, os brasileiros desembolsam, em média, 1,3 milhões de euros – um valor bem acima da média, por exemplo, dos portugueses, que se fica pelos 460 mil euros. Este valor tem vindo a aumentar, diz Ascenso, também pela classificação dos imóveis vendidos, que agora já não se fica, apenas, pelos apartamentos para poder alojar estas novas famílias.
O interesse de brasileiros por Portugal não é de hoje: no ano passado, foram a terceira nacionalidade que mais casas comprou, depois de franceses e ingleses, o que representou um crescimento de 10% face ao ano anterior, mostram dados da APEMIP, a associação do setor.
“Durante os últimos anos o interesse destes investidores brasileiros mudou muito. Começaram por olhar para o imobiliário em Portugal como fator de diversificação de investimentos e, agora, muitos estão a trocar o Brasil por Portugal e a trazer as suas famílias”, acrescenta Ascenso. A segurança é o que mais pesa na decisão.
O perfil dos que chegam é fácil de traçar: são famílias de segmento classe média alta ou alta, muitos com passaporte europeu – alguns com antepassados portugueses -, e que querem deixar o Brasil.
Os preços competitivos e bem inferiores aos praticados, por exemplo, em Miami, onde os brasileiros de classe alta costumavam comprar casa são um dos convites, mas há outros. A sensação de segurança e estabilidade, que contrasta com o clima brasileiro, é cada vez mais valorizada – “o facto de Portugal ser o terceiro país mais seguro do mundo é algo muito importante” – e também há os vistos gold.
Desde a sua criação foram atribuídos 5243 vistos de autorização de residência para quem investe em imobiliário em Portugal. Em 2016, foram entregues 1414 vistos; neste ano já se contam 104. A China ainda lidera a lista de atribuições (3472 até julho), mas o Brasil vem logo atrás com 432.
É para quem quer morar que Cascais “está a ser vista como alternativa até a Lisboa pela proximidade a várias escolas internacionais”. Pelas características da zona, o tipo de imóvel procurado também é diferente: “Sempre houve uma grande apetência dos brasileiros para procurar casas novas, lançamentos, o que se verificou no último ano e meio a dois anos. Mas agora também é diferente. Repare, em Lisboa temos 22 lançamentos neste ano, em Cascais temos quatro ou cinco e mesmo assim a procura é muito elevada.”
Nem só de brasileiros vivem as vendas nesta zona. Nos últimos três anos, a Porta da Frente ajudou a vender casa a 25 nacionalidades diferentes. Os portugueses representam 48% das vendas do primeiro semestre, mas o valor que pagam é abaixo dos restantes investidores. Mesmo assim, há mais capital próprio a circular: até julho, Rafael Ascenso admite que 90% das vendas foram feitas sem recurso à banca.