Ozadi Tavira Hotel – Pedro Campos Costa | Fotografia: José Campos Photography
Pela reabilitação do hotel Ozadi, em Tavira, o arquitecto português ganhou o importante galardão ibérico. Biblioteca de Loures ganhou na categoria de Design de Interiores.
Um dos mais relevantes galardões de arquitectura da Península Ibérica, os prémios FAD (Fomento de las Artes y del Diseño), distinguiram esta quinta-feira o português Pedro Campos Costa pelo projecto de reabilitação do hotel Ozadi em Tavira, soube-se esta quinta-feira, em Barcelona.
Estiveram a concurso um total de 458 obras (de categorias como interiores, cidade e paisagem, intervenções efémeras e pensamento e crítica) sendo 175 de arquitectura. Deste total, em Maio, 37 foram seleccionadas para finalistas em todas as categorias.
“É um prémio importante, que reconhece o meu trabalho e naturalmente estou contente por isso”, afirmou Pedro Campos Costa ao PÚBLICO, salientando que foi um projecto delicado. “É um hotel que está a funcionar desde os anos 60 e como tal exigiu muita atenção na forma como os elementos contemporâneos foram introduzidos. Essa relação entre novos elementos e uma atitude dos anos 60 e 70 é delicada, não deve ser epidérmica. Não pode ser uma coisa estética, mas sim um acto de reabilitação, como acontece na medicina, onde reabilitar é pôr a funcionar.”
O Ozadi Tavira Hotel recebeu o Prémio Arquitetura em ex aequo com a Casa Bastida de Begur, em Girona (Espanha), dos arquitectos Elisabet Capdeferro e Ramon Bosch, e o júri valorizou “a enorme melhoria na integração do edifício pré-existente na privilegiada envolvente em que se encontra”.
Já o Prémio FAD na categoria de Design de Interiores foi atribuído à Biblioteca de São Paulo de Apelação, em Loures. Também uma reabilitação, assinada pelos arquitetos Patrícia Marques e J. Paulo Costa, o júri destacou a criação de um “ambiente de unidade de recolhimento, envolvente, simples e sereno, muito propício à leitura”. Os dois arquitectos foram responsáveis pela requalificação do Museu Antoniano, em Lisboa.
Sócio fundador da empresa Campos Costa Arquitectos, de onde se destacam projectos como a Extensão do Oceanário de Lisboa ou o Centro de Empresas in Castro, em Castro Verde, Pedro Campos Costa foi também curador, em 2014, do Pavilhão Português na 14ª exposição Internacional de Arquitectura, na Bienal de Veneza, com o projecto Homeland. News From Portugal. Antes já tinha ganho vários prémios como o A.Prize Exposynergy pela Trienal de Milão, o Prémio Valmor da Câmara Municipal de Lisboa ou o Europe 40 under 40 pelo European Center for Architecture Art Design.
Na avaliação, o júri, presidido pelo arquitecto espanhol Victor López Cotelo, enalteceu a “inteligência e sensibilidade” como a renovação do hotel foi feita, destacando os valores da construção original. “A complexidade geométrica, espacial e construtiva do pavilhão não reflecte tanto a procura por um protagonismo gestual, mas submete naturalmente ao desejo da arquitectura para criar, com imaginação e frescura, um ambiente agradável e diferentes fluxos espaciais”, pode ler-se na avaliação efectuada.
A biblioteca de Loures pertence à Congregação Religiosa Pia Sociedade de São Paulo, uma comunidade de 20 irmãos que vive numa quinta nos arredores de Lisboa. Segundo os arquitectos explicam na memórioa descritiva, a internveção é feta no interior de um edifício anónimo típico dos anos 70.
A biblioteca, “que desempenha nesta comunidade um papel determinante”, é vista não só como uma área de trabalho, mas “como espaço de encontro da comunidade” e “de representação, onde pudessem ocorrer reuniões e encontros especiais”. Por isso, na definição do projecto, a importância da relação da comunidade “sugeria a necessidade de minimizar a presença da infraestrutura nova e expor os livros de forma a que estes envolvam os seus utilizadores”. Os arquitectos procuraram “simplificar as geometrias de uma construção banal” e “uniformizar o espaço tornando-o uno”, sendo “a diversidade e temperatura da sala são proporcionadas pelas capas de livros”.
Paulo Moreira e Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira, dos SAMI Arquitectos, com os projectos da Casinha no Porto e Casa E/C, na ilha do Pico, respectivamente, eram os outros arquitectos portugueses finalistas na categoria de arquitectura. No ano passado, João Pedro Falcão de Campos também ganhou na categoria de arquitectura com o percurso pedonal da Baixa ao Castelo de S. Jorge para o centro histórico de Lisboa.
Carrilho da Graça (Pavilhão do Conhecimento) em 1999, Souto Moura (Estádio de Braga) em 2005, João Maria Ventura Trindade (Estação Biológica do Garducho) em 2009, Ricardo Bak Gordon (Casas de Santa Isabel) em 2011 ou Pedro Domingos (Escola Secundária de Sever do Vouga) em 2013 foram outros vencedores portugueses dos Prémios FAD de arquitectura.
Fonte: Público